Meu filho pediu colo

Era fim de tarde, dia cheio, muitas entregas de conteúdo para fazer... Eu no computador, meu filho me olhou, de pijama, e disse:— Mamãe, posso subir no seu colo?

Minha primeira vontade foi responder “agora não, filho”. Eu estava no automático, listando mentalmente tudo que ainda precisava ser feito. Mas alguma coisa em mim — talvez a saudade de um colo que está longe, lé em São Jose dos Campos - me fez pensar. Eu disse sim.

Naquele instante, o tempo desacelerou. E percebi algo diferente naquele olhar... Fazia tempo que ele não pedia colo. Ele que antes me escalava mil vezes por dia!

Ele que sempre vinha com brinquedo na mão, na esperança que eu pudesse brincar. Quando foi que ele parou de tentar? A verdade é que a infância vai embora devagarinho.Não tem alarme. Não avisa.

A última vez que seu filho te pedir para segurá-lo no colo pode passar despercebida. Pode ser justo no dia em que você está mais cansado. Pode ser naquela hora que parece não ter espaço para mais nada. E, ainda assim, ela vai acontecer.

Não escrevo isso para te lembrar — a você e a mim — que o tempo de crescer não volta. E que dizer “sim” agora pode ser a memória mais bonita que seu filho vai guardar de você.

Hoje, se me perguntarem o que mais vale na rotina, minha resposta é simples: o tempo que se vive junto. O colo que se oferece. O olhar que se sustenta.

Não porque tudo precisa parar para a criança. Mas porque, em alguns momentos, é só ali que mora o amor em ação.

E se fosse a última vez, como você responderia?

Até breve.

Geovanna Tominaga